Novas tecnologias como e-commerces de varejo, compras coletivas, automação comercial informatizada e displays interativos não são utilizadas por 82% dos empreendedores do varejo brasileiro. O dado foi revelado pela pesquisa encomendada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), e realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) nas 27 capitais do país.

O resultado abre uma nova oportunidade de mercado para empresas que desenvolvem software e prestam serviços / consultorias na área de tecnologia da informação. Segundo o presidente da Confederação Nacional dos Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro, as empresas de T.I pecam por priorizar produtos e serviços para o varejo de grande porte. “Enxergo nas pequenas e médias empresas um mercado de aproximadamente 800 mil varejistas com grande potencial a ser explorado”, afirma.

Os varejistas se mostram interessados em investir. Dos entrevistados, 53% demonstraram intenção de fazer ampliações na loja, adquirindo maquinário e contratando mão de obra. Para isso, utilizarão o capital próprio. Essa opção se deve, de acordo a CNDL, à limitação do crédito oferecido pelos bancos, a alta burocracia e aos juros caros.

Ao abrir o empreendimento, 77% dos empreendedores utilizaram o capital próprio e 9% pediram empréstimos aos familiares. Apenas 7% usaram linhas de crédito bancário. Para o presidente Roque, apesar de toda publicidade em torno da redução de juros e direito ao crédito, “o empreendedor não está sendo alcançado pelo sistema financeiro nacional”.

O setor varejista, tem uma significativa presença feminina, 31%, mas são os homens que ainda lideram o mercado, com uma fatia de 69%. Em relação à escolaridade, 46% têm ensino médio e 43% possuem formação superior ou pós-graduação. Dos empresários entrevistados, 63% estão no negócio atual há mais de 10 anos e 67% já haviam trabalhado no varejo ou tiveram negócios herdados da família.

“Esses dados refletem o grau de maturidade do empreendimento do lojista. Empresas que passam do segundo ano de operação conseguem desenvolver a atividade comercial por mais tempo”, pontua o economista da CNDL e do SPC, Nelson Barrizzelli.

De acordo com a pesquisa, o perfil do empresário do setor varejista é de um homem de 42 anos, que possui ensino médio, já trabalhou no varejo, tem faturamento bruto de até R$ 60 mil por mês, emprega familiares e não usou financiamento bancário na hora de abrir o próprio negócio.